domingo, julho 16, 2006

Cabeçada

Até o final da copa, eu acreditava que os melhores remédios para “saco cheio” eram massagem, chás ou exercícios físicos. Mas Zidane provou que é realmente um mestre e me ensinou que para momentos de tensão nada melhor que uma cabeçada. Certeira, rápida e precisa. Bem no centro do alvo.
Peço desculpas aos politicamente corretos, mas aquilo pra mim não foi um ato de violência. O que vi naquela cena foi a expressão máxima do foda-se. Foda-se o que os outros vão dizer, foda-se o que pode acontecer, foda-se, inclusive, o cartão vermelho! Sem pensar nas conseqüências, o francês em poucos segundos acabou com a possibilidade de vitória do seu time, manchou o final da sua carreira e ganhou o título anti-herói do futebol mundial. Em compensação, não guardou mágoas e fez aquilo que algum dia já tivemos vontade de fazer com o chefe, a sogra, o irmão, o vizinho, o gerente do banco, o casamento, a sociedade, algum projeto, ou qualquer outra figura ou situação que nos tenha deixado putos da vida.
Ao contrário do que muitos pensam, não vejo esses atos impulsivos como desequilíbrio emocional. Desde que não causem a morte nem machuquem ninguém fisicamente, eles são fundamentais para tornar a vida mais leve. Para mim isso é justamente uma forma de chegar ao equilíbrio. Enganam-se aqueles que se consideram a própria balança da justiça só porque são incapazes de levantar a voz ou franzir a testa mesmo quando estão tomados pela cólera.
Por isso joguei fora os florais e as técnicas de meditação. E aconselho todo mundo fazer o mesmo. Vamos parar de armazenar aquilo que nos aborrece e nos torna pesados e rancorosos. Sempre que um Materazzi aparecer em nossas vidas, cabeçada nele. E fodam-se os cartões vermelhos.