Tentando organizar aquilo que é impossível de ordenar (seja qual for o índice), encontrei um patuá. Estava lá, entre bolsas e vestimentas no fundo do meu guarda-roupa. Para quem não sabe, patuá são umas trouxinhas feitas de flanela cujo conteúdo são algumas ervas que carregam em si energia positiva suficiente para nos dar sorte e espantar as urucubacas.
Quando encontrei o tal patuá, coloquei-o entre as coisas que seriam expurgadas do móvel por não terem outra utilidade além de ocupar um espaço já bastante reduzido. Mas antes que o descartasse definitivamente, resolvi resgatá-lo. Independente de dar sorte ou espantar olho gordo era um souvenir com bom acabamento, bonitinho.
No entanto não retornei o patuá ao guarda-roupa. Coloquei-o em minha bolsa, pois, se o propósito é me proteger e atrair coisas boas para minha vida, quanto mais próximo melhor o seu efeito.
No dia seguinte, saí às ruas com meu patuá exalando bons fluidos. Curiosamente, pela manhã, não perdi o ônibus como sempre acontece. Também encontrei pães fresquinhos na padaria no meio da tarde, outra raridade. Além disso, aquela colega de trabalho, que mais parece um mausoléu ambulante, estava sorridente e não falou, em momento algum, das suas duas tentativas de suicídio.
Foi afinal, um dia de sorte.
A noite, a caminho da faculdade, conversando com um amigo, contava-lhe sobre os efeitos do meu amuleto. O cético, evidentemente, riu. Mas o fato é que, para mim, o patuá fez efeito. Acredito em tudo que dizem ter efeito positivo. Aliás, o segredo está em acreditar.
Em tempos em que acreditar no futuro do país, mesmo após o primeiro turno das eleições, é indispensável para não morrer de tédio ou fugir para as montanhas frias do Tibet, recomendo que seja feito um patuá para o Brasil. Uma trouxinha cheia de ervas poderosíssimas, benzidas por um bom pai de santo, para espantar todo e qualquer mau agouro e sugar para cá toda a energia positiva, toda a sorte do mundo. Afinal, quem disse que o país para crescer precisa de gente competente para desenvolver projetos políticos realizáveis??
Dia 28, vou à urna digitar os dois números que são necessários para eleger o novo presidente. Se eu acredito no meu candidato?? Como eu disse acima, acredito em tudo que dizem ter efeito positivo. Por isso, para mim, o melhor projeto desenvolvimentista para o Brasil é, sem dúvida, um patuá.
sábado, outubro 14, 2006
Um patuá
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