terça-feira, outubro 12, 2010

Muitas primaveras

Fiz ano!
E sempre comemoro isso como se fosse final de copa do mundo.
Vai que...
né?!
(cruzes!!!!)
Tomada pelo narcisismo típico daqueles nascidos em outubro, sobretudo na primeira quinzena, eu decreto dia 06 meu feriado, divulgo em diversos canais a data e exijo pelo menos um abraço bem gostoso daqueles que eu amo - e que, suponho, me amem também.
O abraço...
gesto tão bom...e tão raro...
Estender os braços e enlaçar o outro é um mero movimento.
Agora, abraço...abraço mesmo..de verdade...daquele que acolhe o corpo, conforta a alma, entorpece o coração da melhor energia e é eterno enquanto dura.
esse é dificil....
E é por isso que eu comemoro tanto meu aniversário.
Dia 06 de outubro: dia de ganhar abraço.
uso o pretexto da data para dar e receber.
E como é gostoso ganhar...e como é dificil doar...
O abraço denuncia: o amor ou a indiferença. Se eu te amo, meu gesto tem calor, tem textura, tem cheiro, tem sentido. Se você não é nada para mim, enrosco meu corpo no seu e te largo em dois segundos. E ainda reclamo do perfume forte que ficou na minha roupa.
simples assim.
complexo assim.
Porque revela o amor. Eu posso dizer "eu te amo" sem olhar nos olhos. Eu te abraço. E você sente.
Eu estou certa da minha doação. E vou supor a reciproca.
supor....
e é por causa dessa incerteza que abraçar se torna um risco
"vai que eu te amo e você não me ama..."
"vai que eu te amo e você também me ama..."
"vai que a gente descobre que não sabe que ama..."
"vai que..."
um risco a ser evitado
(eu evito..tu evitas..ele evita...nós evitamos...)
Mas dia 06 de outubro é minha redenção!
Abraço, porque estou viva, saudável, feliz e eu te amo. E tenho certeza. E supor que você também me ama já me basta. Nesse dia eu quero compartilhar a minha dádiva com você.
Me permite essa honra?
As minhas primaveras serão muitas e minha vida florescerá, reflorescerá, re-reflorescerá até que a morte nos separe: "Amém!"


Aí eu lembro do Beto Guedes "Sol de primavera abre as janelas do meu peito/ a lição sabemos de cor
só nos resta aprender..."



agora, chega de prosa e vem cá!
me dá um abraço...
...porque eu te amo.

terça-feira, maio 11, 2010

Eu quero


Eu quero.
Blusas novas de frio
Meias coloridas e uma toalha de banho felpuda
Outro poodle preto gigante chamado Negão
Aquele titulo que meu time ainda não tem
A mesma paisagem num país diferente
Uma mulher na presidência
Outro prefeito para minha cidade
Que a politicagem vá aputaqueopariu
Quero os mesmos amigos a vida toda
E a mesma esperança depois de fazer 40 anos...
Dormir mais e melhor
Dormir melhor e mais acompanhada
Eu quero um sorriso sincero de quem me atende
Sorvete de pistache com farelo de amendoim
O cotidiano com mais espaço
Um brinde no final do dia
Reclamar do dia depois do brinde
Rir do dia depois do décimo brinde...
Quero o gosto da sete belo na infância
Menos seriedade
Mais leveza
Pessoas comprometidas consigo ao meu redor
Pessoas com espirito de equipe ao meu redor
Trapalhões ao meio-dia na Globo
Chaves a uma hora no SBT
Pipoca, colchão e filminho romantico
O abraço daqueles que já não estão mais
Aquele beijo que ficou pra trás
A crença de que no final tudo dá certo
E que se não deu é porque ainda não chegou ao fim...
Eu quero aquilo que não vende
E que não sei onde encontrar
Aquilo que já é, já foi ou já esteve
Querer é o verbo.
A ação.
A necessidade.
E eu quero.

sábado, fevereiro 20, 2010

Viva aquele que se presta a essa ocupação...


Palavras surradas, vocábulos desconhecidos, 
amores falidos, emoções jorradas. 
A brincadeira de compor não tem regras
Com a caneta, o sentir, o papel e a duras pedras
o compositor se desnuda em versos e se revela poeta.
Reverencio aquele que a essa tarefa se presta.
E digo aos poucos que sabem brincar:
"Salve o compositor popular"
 
A turma da Pipa

letra e música: Thiago Lucali*

Mexia no vento, a pipa e o Menino
Aponta, desponta, nas pontas do ar
Voa no sentido do que a gente sente
Empina a vida nos lados de lá

Piruetas, Rodopios, todo um céu a mapear
Sopra ao vento o seus sonhos, desafios do planar
Teve gente que até disse, impossível não notar
Viram até um tal de Ícaro bem ali se inspirar

Se é Papagaio, Sura ou Quadrado. Curica, Maranhão.
Sobe Cafifa, Raia e Pandorga, com rabiola ou não.
Vem Capucheta, Bebeu, Chambeta. Cangula, Pepeta.
Chega Peixinho ou Mosquitinho, Gaivota e Casqueta.

Quem de longe vê a pipa, pode se reconhecer.
E de perto já nem grita, ouve o vento se mexer
Vareta, cola, papel, linha... Uma ponte faz pulsar.
É a turma que empipa, sutilezas vai buscar.

 * Thiago Lucali é musico, compositor, observador do cotidiano, amante da complexidade do ser e meu amigo. Salve!

domingo, janeiro 17, 2010

Fidelidade...what a fuck?


Fidelidade é:
conveção social?
obrigação moral?
imposição cultural?
estado de espírito?
tesão condicionado?
conformismo?
comodismo?
lenda?
ou...
dispensa comentários?
hein?
hen??

segunda-feira, novembro 30, 2009

E não ter a vergonha de ser feliz


Não sei se minha casa encolheu ou se minhas tranqueiras aumentaram, mas o fato é: meu quarto está pequeno. Eu devo ser claustrofóbica, por isso toda vez que bate a sensação de espaço ultra-mega reduzido me dá vontade de jogar tudo fora e deixar só as coisas essenciais: roupas e cama.
Sábado fui tomada por essa angustia sufocante e fiz uma faxina geral nos meus papéis. Isso é recorrente, porém sempre há o que eliminar.
Quando digo geral, foi geral mesmo. Até a carteirinha escolar da segunda série eu achei. Encontrei também uma prova de estatistica do colégio (nota 5,75), um poster do Norusca campeão da série A-2 e uma sacolinha com 3 agendas.

As 3 agendas.

Uma delas, espiralada, é do ano de 1997. O tema da capa é Os 101 Dalmatas - que deve ter sido o filme de sucesso nessa época. No verso da primeira página, em letras de forma garrafais, um trecho de Andrea Doria "Nada mais vai me ferir é que eu já me acostumei". Nas outras páginas declarações de amizade como "Vc é D+!!!" "Amigas para sempre!!!"  e  um texto em código. Nuvens, sol, flores e raios que depois de 12 anos são tão indecifráveis quanto morse. Lá no fim, um texto auto-biográfico que diz:
"O meu lugar não é aqui. Sou apenas uma reprodução ou um simulacro. Não sou eu e não consigo sê-lo. Quero gritar, quero calar, quero cegar e reaprender a enxergar o mundo como ele é. Ou como eu quero que ele seja. Mas estou presa. Limitada por uma vontade alheia. Sou mais do que estou. E se for assim, não quero mais."
(hein!?)

Enfim...

A outra agenda parece um caderno de brochura e eu encapei com uma montagem que fiz com algumas imagens de revista. Não sei por que, aquela foto antológica da explosão nuclear de Hiroshima é a imagem que estampa o centro da capa. (Não sei mesmo! Extremo mau gosto...). No interior páginas brancas, escritos em cinza claro, e muitas, muitas poesias, textos, músicas, corações feitos a canetinha. O ano é 1998. E ali está gravada em muitas palavras (nessa época eu falava menos e escrevia muito mais..) a minha primeira paixão. O Rafa é o cara. O cara de 15 anos por quem me apaixonei aos 14. Rendeu namoro, o lance foi sério. Tanto que nessa agenda de 98 só tem isso. A exceção é a página do dia 18/12 onde registrei "Corinthians grande, sempre altaneiro, és do Brasil, o Clube mais brasileiro!!!!  Coringão Bi-Campeão!!!!". Fora isso, só o Rafa, que era, como nós mesmos escrevemos na página do dia 31/12: Amor para a vida toda! 
(Rá!)

Por fim a terceira agenda. Capa aveludada em bordô, sóbria (meio cafona também...). Em seu interior anotações de compromissos, basicamente. É de 2005. Em 2005 eu entrei na faculdade, comecei trabalhar e tinha um relacionamento mal resolvido para administrar (não, não era o Rafa...). Nessa fase da vida eu já tinha percebido que a estrada errada da Andrea Doria era muito mais lirica do que a oposta que eu estava seguindo. Também ja tinha percebido que amor para a vida toda é muito tempo. E que eu sou bem menos capaz de me opor ao mundo do que supunha em 1997.

A adolescencia é uma fase linda da vida. E a gente só percebe isso quando ela acaba de vez. Os conflitos psicológicos, o descontentamento com o fisico, as paixões avassaladoras, as amizades intensas tudo isso faz parte de um pacote que eu chamaria de "Pré-vida". É nessa fase onde a gente é tudo, pode tudo e sabe tudo, mas o mundo não nos compreende ou aceita, que aprendemos a lidar com os sentimentos que vão fazer parte da fase seguinte. As frustrações, as euforias, as paixões, as tristezas, tudo é sentido com intensidade e sem pudores. Experimentamos esses sabores com a mesma ansiedade que devoramos um sorvete de chocolate com cobertura de morango. Com o passar dos anos vamos aprendendo a manipular nossa espontaneidade em função daqueles mesmos padrões sociais, morais e convencionais que, na adolescência, não entendiamos muito bem, mas sabiamos que não eram nada legais. ("Mó prego...")

Voltando a limpeza...
As três agendas, assim como um livro do Sidney Sheldon - não faço idéia de como isso veio parar aqui... - foram para o lixo. Não vejo muito sentido em guardar essas coisas (sim, o 4º R...). E também se eu tiver filho, meu pequeno vai achar tudo isso muito patético - e eu vou concordar com ele. Mas antes de jogar a terceira agenda, eu ainda revistei mais uma vez para ver se encontrava algo perdido entre as páginas já grudadas pelo tempo. Além do ticket do show do Luiz Melodia, eu encontrei, escrito a lápis, numa página aleatória - dia 15/12 - palavras que eu jamais ousaria dizer quando tinha 15 anos...

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita."

domingo, outubro 04, 2009

Fuga


Estou entregue a uma rotina que me prende e me liberta.
A prisão vem da liberdade tolhida pelos minutos que se sobrepõem numa velocidade bem maior do que 60 segundos.
A liberdade vem da clausura da rotina que me mantém livre de tudo o que é incomodo e perturbador.
Inclusive de mim.

domingo, setembro 20, 2009

Dúvidas dominicais


Por que os missionários religiosos divulgam sua doutrina entre as 7:00 e as 9:30 da manhã, curiosamente o melhor horário de sono aos domingos?
Por que os almoços desse dia tem uma carga excessiva de carboidrato e gordura e uma sobremesa repleta de glicose para acompanhar o cardápio??
Por que nos programas que passam a tarde sempre tem um cachorro vira-lata que dança e uma criança desinibida que fala bobagens (nada) divertidas???
Por que as pessoas saem para passear de carro e rodam a 20 km/h em plena avenida?
Por que todo domingo a noite passa Fantástico????
Por que tudo isso acontece só aos domingos?!?!?!?!?
Mas o que eu definitivamente não sei é: por que, depois dos domingos, vem a segunda-feira?
Aguardo as respostas.